Fonte: Jornal de Hoje
Bandas de forró omitiam até 9 vezes o que declaravam à Receita
Levantamento
da Receita Federal, em conjunto com a PF, a que O POVO teve acesso, detalha
distorções entre o que empresários e bandas de forró faturavam, quanto
movimentavam em conta e o que de fato era declarado
O dinheiro faturado pelo negócio do forró, que vinha sendo movimentado por
empresários e bandas investigadas na Operação For All, da Polícia Federal,
chega a apresentar valor nove vezes maior entre o que foi declarado num ano e o
que acabou sendo omitido para a Receita Federal.
Em 2013, uma das
bandas sequer declarou quanto teria faturado por 50 shows realizados naquele
ano. Cobrava R$ 40 mil de cachê por evento. No levantamento feito pela Receita,
teriam sido R$ 2 milhões faturados, mas a conta bancária da banda só acusou R$
19 mil de crédito. Esta mesma banda, em 2012, teve o faturamento omitido 8,6
vezes maior do que o valor declarado no Imposto de Renda.
O POVO teve
acesso a trechos do relatório da investigação, feito pela PF e Receita, que
detalha o possível faturamento de quatro bandas de forró nos anos 2012, 2013 e
2014. As bandas pertencentes ao grupo A3 Entretenimentos, investigado na
operação, são Aviões do Forró, Forró do Muído, Solteirões do Forró e Forró dos
Plays. A investigação está em segredo de justiça e há informações fiscais, por
isso não será especificado a qual banda cada dado do relatório se refere.
Maratona
No documento, a PF e a Receita cruzaram valores dos cachês com o número de shows realizados. A investigação também apontou quanto cada banda declarou ao Imposto de Renda, quanto tinham de crédito em conta bancária e qual teria sido o valor omitido ao fisco.
Maratona
No documento, a PF e a Receita cruzaram valores dos cachês com o número de shows realizados. A investigação também apontou quanto cada banda declarou ao Imposto de Renda, quanto tinham de crédito em conta bancária e qual teria sido o valor omitido ao fisco.
Os grupos de forró encaram uma maratona de espetáculos pelo Brasil. Uma das bandas chegou a cumprir 236 shows no ano 2012. Fez outros 233 shows em 2013 e voltou a fazer 236 na agenda de 2014 - quase a média de dois shows a cada três dias. Os cachês das quatro bandas variaram de R$ 33 mil a R$ 210 mil entre 2012 e 2014.
Na análise da PF,
que consta no relatório da investigação, “as bandas de forró teriam um agente
encarregado de receber os cachês (pagos em espécie) momentos antes de subirem
ao palco”. Parte dessa quantia acabava não entrando no sistema bancário,
driblando tributos e a fiscalização, apontam os investigadores. As suspeitas
são de crime contra a ordem tributária, lavagem de dinheiro, falsidade
ideológica e associação criminosa.
Na última
terça-feira, foram cumpridos 76 mandados judiciais (busca e apreensão, condução
coercitiva e bloqueio de bens) envolvendo diretores, músicos e funcionários de
26 empresas dos grupos A3 Entretenimentos e D&E Entretenimentos. Os agentes
federais vistoriaram escritórios, residências, uma produtora, emissoras de
rádio e até um restaurante.
Desde
que a operação da PF e Receita foi deflagrada, apenas a assessoria de imprensa
da banda Aviões do Forró emitiu nota informando que está colaborando com as
investigações. Ontem à noite, quando teve acesso ao relatório, O POVO ligou
para as assessorias de imprensa da A3 Entretenimentos e D&E
Entretenimentos, mas as ligações não foram atendidas. Também foram enviados
emails. Nos sites das duas empresas, não há menção sobre o caso. Ontem à noite,
a agenda de shows continuou sendo cumprida.
NÚMEROS
705
shows
foram cumpridos por apenas uma das bandas, entre 2012 e 2014
shows
foram cumpridos por apenas uma das bandas, entre 2012 e 2014
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